segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

:: tetris

Disfarça o acalento
Embrulha no abraço
as falas todas de uma solidão constante
- Finja que me exorcisa,
que eu enceno a força.

Presa nalgum lugar
Um sufoco em mim

Engasgo
nas palavras de quereres
que tiram-me o ar

E no desvario
dos pensamentos que passeiam
na falta do que respirar,
por um segundo,
nem sei mais o que tem para organizar
...
Ou quem vai bagunçar

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

:: baile dos mascarados

Na dissonância daqueles dias,  começou uma dança
Gritavam mãos
Rebolava estômago
Sorrisos afinavam a boca para beijos perturbadores

O descompasso dos corações
deixou aparente tudo que não queriam

Os tragos agudos embalaram o nada
que cada um esperava

Era baile,
e ficaram parados naquele dia
Foi lua cheia
mas nenhum dos dois uivou para aquela noite

sábado, 8 de agosto de 2015

:: até daqui a pouco



tempo tempo
amigo
necessário
companheiro do esquecimento

_apresento-me,
esqueça.
é só por um tempo.

me esqueça
faça por nós

tempo

é o tempo sendo
errado.
uma falha
é dissonância dos nossos quereres,
é divergência entre nossos demônios.

vou dar adeus
para um dia retornar









sábado, 27 de junho de 2015

:: por aí

Sem sono e sem negação
Mudo de mim nesta madrugada insone,
admito não ser aqui que estou.
Por aí... por entre suas pernas,
no abraço de um peito que dorme,
respira na minha nuca
e
coloca trilha sonora nos pensamentos
É por aí que estou.
Mudo de mim nesta madrugada
e aninho-me no seu colo.
Para passar o frio, para colocar música nos pensamentos,
para acabar com silêncios ensurdecedores.
Hoje, de mim tem mais querer você.
Não estou aqui,
é por aí
que estou.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

:: qual dos quais e poréns

Para a beira do abismo segui teus passos.
Dei-lhe a mão.
Encaminhou-me para um infinito particular.

Colocou-me de conversa com demônios, ora amigos seus, ora amigos meus.
Fiquei atordoada,
num vazio que não cavei.

Compartilhei por demanda.
Ofertei o que pude.

Negou o que disseram-te para negar.
Submisso, ficou.
Livre, eu fui.

Saiba você e não esqueça: nunca quis seu melhor.
Dele, distancio-me com mãos de adeus.

Livre, você era livre para ser o pior.
Livre era para ficar com o que tinha.

Não quis arrombar-lhe a porta mas aceitaria que arrombasse a minha.

Na perdição de estar só com alguém ao lado, o menos pior seria ter o teu pior.

No silêncio atordoante da madrugada, pensamentos passearam por infernos meus, por infernos seus.
Na luz sufocante do dia, correr de mim era o início para fugir de ti.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

:: não li, e concordo.

Não li, e concordo.
Por que não?

Riscos.

O medo do pé na porta,
O assombro de ter a privacidade invadida,
O não querer da exposição.

Pra quê?

Não li, e concordo.
Entrelinhas não servem.
Detalhes não esclarecem.

Não li, e concordo.

Se eu for invadida,
que seja com meu consentimento.
Por livre e espontânea vontade do agora.
Do que me cabe e serve hoje.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

:: perdido na noite

Há tempos não ouve o ruído das estrelas.
Conta as batidas do coração no marasmo das horas no sofá.
Já não tem números nas mãos, perdeu as contas.

Na desordem da cozinha, não encontrava o pão de forma vencido ou os pacotes de miojo.
Contentou-se com leite da geladeira e o achocolatado do armário.

Vai para o quarto.

Olha pela janela com a caneca quente entre as mãos.
Chega até o outro lado do horizonte sem se dar conta da viagem. Do caminho.
Já que chegou, uiva para a lua.
Ela nem está cheia mas o peito transbordando toma a iniciativa.

No uivo, não perde o volume de emoções há tempos acumulado.
Volta para a sala.
Perde-se no ninho, no canto de um cômodo que sempre foi alegria.

Tem algo na TV. Tem algo entre os dedos. Tem algo no copo.

Tem tudo no peito.
E quase nada sai da cabeça.