sexta-feira, 22 de março de 2013

Do previsível clichê

E subitamente os sorrisos, suspiros, o relaxamento da entrega despreocupada foram interrompidos com precisão cirúrgica.
- Falando sério: eu tenho medo de não atender suas expectativas!
- É?
- É... Desculpe... mas é que eu optei por estar só... E quero continuar assim...
- Só?
- É...
- Ok... Me passa o whisky!
- Tó...
- Não vai falar nada?
- Falar o que?
- Não sei...
- Então! Você não sabe o que falar e me lança um clichê batido desses? Acha mesmo que vou gastar meu latim respondendo a uma babaquice tão sem sentido? Me deixa terminar meu whisky que nesse momento é a única coisa que me dá tesão...
- Então você não... É que eu pensei que você quisesse...
- Você em algum momento me perguntou sobre possíveis expectativas? Não. Deduziu! Deduziu errado!
- É que a maioria das pessoas espera...
- Então... Sabe o que eu esperava? Não me preocupar com o próximo passo. Não me preocupar com as neuroses da sua cabeça acerca do próximo passo. Não me preocupar com as neuroses da sua cabeça acerca das neuroses da minha cabeça com relação ao próximo passo.
... Saborear cada gota de encantamento, rir o riso mais profundo até perder o fôlego. Não planejar, mas ter retorno por prazer e não por protocolo. Ou seja, não esperava nada. Porque este tipo de coisa não se faz: acontece... mas normalmente acontece com quem não é clichê!

- Eu não sei como agir com você.

- Vai começar a novela. Você devia assistir. Quem sabe não acontece com você um dia...

- Onde você vai?
- Ficar só comigo!

2 comentários:

  1. Possivelmente a empatia que faltou pra perceber que pra você isso não importava, também deve ter faltado pra perceber quando era necessário...e nesse avesso de percepção do outro, afasta ambos os perfis!

    ResponderExcluir